Técnico passa por cima de abatimento do grupo, contorna atrito por insatisfação de Guiñazu e mira recuperação: "Dentro daquele clima ruim tentei ver algo positivo"
Técnico aponta caminho para o time deixar a zona de rebaixamento (Foto: André Durão / GloboEsporte.com)
O ensaio de recuperação do Vasco no Brasileiro teve seu pontapé inicial em Campinas, com a vitória de 1 a 0, aos trancos e barrancos, sobre a Ponte Preta. Contra o Atlético-PR, com atuação bem mais consistente, a equipe vascaína confirmou uma surpreendente ascensão poucos dias depois de sofrer uma das mais humilhantes derrotas de sua história. Dez dias antes de vencer a quinta partida no Brasileiro, o Vasco desembarcou no Rio sob clima de tensão e envergonhado pela goleada sofrida por 6 a 0 para o Inter.
Com paciência e trabalho - e muita fé, característica de Jorginho -, o treinador do Vasco contornou obstáculos e reconstruiu a equipe com nova formação, mas também, fora das quatro linhas, precisou contornar a insatisfação de um dos líderes do elenco. O argentino Guiñazu, que levou dois pontos pela lesão num dedo da mão, não gostou de saber que a justificativa original para sair do time era o problema médico e interpelou Jorginho no vestiário - afirmando que não havia problema em ser barrado, mas que fosse colocado o motivo da sua saída. Ou seja, pela questão técnica, não propriamente médica. Após a derrota para o Atlético-MG, no último fim de semana, Jorginho lembrou da lesão na mão, mas disse, então, que era opção do treinador.
A decisão de Jorginho terminou vindo de encontro a de alguns membros da diretoria do Vasco, que reconheciam no veterano liderança importante, porém pressionavam - e principalmente “cornetavam” - pela retirada do jogador - que, apesar de toda doação ao time, mostrava falta de gás na composição da defesa e terminava desarrumando o time no combate fora de sua posição. Questionado, após a vitória desse domingo, sobre o aproveitamento do argentino, Jorginho deixou claro que conta com o experiente jogador, mas… no banco.
- Sempre vou contar com ele, mas ele está com problema seríssimo. Não consegue nem ter treinamento de contato, está fazendo o trabalho dele sozinho. Se cair pode ter que fazer cirurgia. O prazo é com médico. Qualquer contato ele sente muitas dores. Mas se não estivesse com esse problema com toda a certeza estaria aqui hoje no banco - afirmou Jorginho.
Esquema tático do Vasco nos primeiros jogos de Jorginho: volantes lado a lado (Foto: GloboEsporte.com)
Com outra arrumação em campo - observe os campinhos do GloboEsporte.com para entender melhor as mudanças -, o Vasco tenta sair para o jogo de forma mais equilibrada. Julio dos Santos ora recua mais para fazer a antiga jogada com Madson - houve diversas tentativas, com bom aproveitamento contra o Atlético-PR -, ora se posiciona mais centralizado, ajudando no combate e saindo a bola ainda mais de trás.
Bruno Gallo, do outro lado, é outro que ganha a confiança do treinador a cada dia que passa. Jogador com boa saída de bola, ele auxilia o lateral e chega com facilidade no campo de ataque. De volta ao time, Serginho, como primeiro volante, também fez boa partida. Importante nas bolas aéreas e também na contenção pelo meio, o posicionamento mais recuado ainda facilitou para a saída em alta velocidade em contra-ataque, característica do cabeça de área do Vasco.
Serginho mais recuado, com Gallo avançando pela esquerda e Julio pegando a bola de frente (Foto: GloboEsporte.com)
No esquema anterior, os volantes ficavam lado a lado, com Guinãzu e Serginho mais presos à marcação e menos presença ofensiva nos apoios aos laterais. Jorginho mudou o esquema contra a Ponte Preta. Contra o Atlético-MG, Lucas, ao lado de Diguinho, tentou fazer a mesma função de Gallo pela esquerda, mas com menos características ofensivas do novo titular do meio de campo do Vasco.
- Precisava usar os atletas de acordo com as características. Na formação anterior, sobrecarregávamos alguns jogadores. Principalmente o Julio dos Santos. Quando faz um losango, tanto o Julio quanto o Gallo são responsáveis por quem vem de frente. O Jorge Henrique e (depois) o Rafael Silva marcam quem vem pelo lado e o Nenê pega um dos volantes. A equipe tem tomado menos sustos assim e está com uma saída muito boa - elogiou Jorginho.
O abatimento da derrota para o Internacional, em Porto Alegre, deu lugar à esperança. Os torcedores, ainda em pequeno número, foram movidos aos gols do time no início de cada tempo e inflamaram os jogadores. Quando o time entrou em campo, a torcida cantou alto e foi saudade pelos atletas do Vasco. Para Jorginho, comparando aos 6 a 0 contra o Internacional, a reconstrução do time vascaíno está a caminho.
- Cheguei a comentar naquela oportunidade (em Porto Alegre) que sou um cara que acredito sempre. Muita gente não acreditava, mas eu tenho que sempre acreditar e buscar dentro daquele clima ruim algo positivo. Procuramos sempre falar disso. Olhar com mais atenção ao potencial de cada um e do que estamos fazendo. Via a equipe com padrão, entendendo a proposta. Mesmo com a mudança a equipe sabe o que quer e como colocar isso em prática. Isso é o mais importante. Temos que acreditar, principalmente com a força da nossa torcida, que hoje não veio em massa, mas apoiou. No momento que juntarmos tudo isso seremos muito forte.
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